terça-feira, 21 de julho de 2020

7º ano- Correção Semana 3- PET 2

Semana 3


1- Todas as respostas são pessoais.

TU PRA LÁ TU PRA CÁ (Autor: Artur Azevedo) 
Lousada, sujeito de meia-idade; Carolina, mulata gorda. 

 Lousada. — Ó Carolina, puseste ao sol a cartola e a sobrecasaca? 
Carolina. — Sim, senho. 
L. — Vai buscá-las. 
C. —- (trazendo os objetos pedidos). O senho vai fazê alguma visita de importância?
 L. — Vou à central receber o Pena. 
C. —• Que Pena? 
L. — O futuro presidente da República. 
C. — O Senho conhece ele? 
L. — Se o conheço! Ora essa! Tratamo-nos por tu! 
C. — Saia daí, seu Lousada! deixe de prosa!. . . 
L. — De prosa como? 
C. — Faz quatro ano que o senho foi à centra recebe o Rodrígue Arve, e também nessa ocasião me disse que tratava ele por tu. . . 
L. — E então? 
C. — Ora! naquele dia em que a gente foi nas regata de Botafogo, o Rodrígue Arve passou juntinho de nós. O senho fez uma grande barretada, e ele nem como coisa, e foi passando. Quá! não acredito que o senho trate ele por tu! 
 L. — Estás enganada. O Chico não me viu. Nessas festas não vê ninguém. Além de ser míope, é muito encalistrado. Então quando ouve tocar o hino é uma desgraça! E no momento em que ele passou para entrar no pavilhão, estavam tocando o hino. 
C. — E o senho por que cumprimentou ele com tanta cerimónia?
 L. — Não cumprimentei o homem: cumprimentei o presidente da República! 
C. — Ele viu perfeitamente o senho, e não fez caso.
 L. — Já te disse que o hino; mas. . . quando não fosse? Esses homens, quando grimpam às altas posições, esquecem-se naturalmente dos amigos pobres. Vê, por exemplo, o. . . o. . . Quem há de ser? Cardoso da botica. Ele e eu tratamo-nos por tu, não é? Pois bem: faze o Cardoso presidente da República, e verás! Se queres conhecer o vilão. . . 
C. — Sim o Cardoso da botica o senho trata por tu, mas o Rodrígue Arve não. 
L. — Ó mulher! O Chico e eu no tempo da monarquia, éramos tu para lá tu pra cá! 
C. — Então o Chico é muito ruim, porque o senho ainda não tem um bom emprego, e não é por não pedir. 
L. — Olha, talvez ele não me servisse justamente por sermos íntimos. Os amigos do chefe do Estado estão sempre de mau partido, porque com os amigos não há cerimônias, e são eles os sacrificados. Se eu não tivesse tanta familiaridade com o presidente da República, a estas horas estaria bem colocado! C — Nesse caso o senho não arranja nada também com o Pena. 
L. — Por quê?
 C. — Pois não trata ele por tu? 
L. — É certo; mas não há regra sem exceção. Deixa estar que logo, quando ele saltar do trem, hei de achar meio de lhe segredar ao ouvido: "Afonso, meu velho, não te esqueças de mim..." 

AZEVEDO, Artur. Teatro à Vapor. São Paulo: Editora Cultrix, 1977. Disponível em: . Acesso em: 3 nov. 2018. 
Vocabulário deixe de prosa: expressão popular que queria dizer “não mente, não inventa!” 
cartola: chapéu alto, como os de mágico. Era considerado muito chique os homens usarem na época. sobrecasaca: peça elegante do vestuário masculino. Era um casaco que se abotoava até a cintura e com abas que rodeavam o corpo. Não se usa mais, atualmente. 
barretada: ação de tirar o chapéu, de descobrir a cabeça para cumprimentar. 
encalistrado: tímido, envergonhado.
 grimpam: alcançam, sobem, escalam; sobem de posição social.
 botica: farmácia

2- Leitura

3- a) Com base na leitura do texto, Lousada é um homem bem instruído que usa cartola e sobrecasaca. Suas atitudes demonstram que ele é capaz ir em busca de boas relações com pessoas importantes visando se dar bem.

b) Moça humilde que serve ao senhor Lousada e comunica por linguagem informal. Tem aparência simples e é curiosa por ficar indagando o senhor a todo tempo com perguntas sobre suas atitudes.

c) "C. — Saia daí, seu Lousada! Deixe de prosa!. . .
"
Deixe de prosa significa "deixe de contar história, pare de contar história"

"C. — Ora! naquele dia em que a gente foi nas regata de Botafogo, o Rodrígue Arve passou juntinho de nós. O senho fez uma grande barretada, e ele nem como coisa, e foi passando. Quá! não acredito que o senho trate ele por tu!
Barretada quer dizer cortesia.

d) Embora nenhum "possa" sofrer preconceito linguístico, é mais comum que pessoas como a Carolina, que se expressam através da linguagem informal, sejam hostilizadas por falantes que têm um domínio maior da norma padrão da língua. Sendo assim, Carolina estaria mais suscetível do que Lousada a sofre preconceito linguístico.

4- As falas, rubricas e indicações cênicas são importantes em texto dramático para que as personagens e os cenários sejam representadas e compreendidos pelos espectadores de forma fiel. São esses elementos que ajudam a identificar a personalidade dos personagens, seus sentimentos, o meio em que eles estão inseridos, dentre outros.

5- É utilizado o discurso direto para introduzir as falas das personagens.

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